sábado, 5 de fevereiro de 2022

Douglas (Distributista Cristão) responde: o budismo é uma religião ateísta?


Introdução:

Os budistas no ocidente moderno seguem uma interpretação do budismo que não admite o sobrenatural nem a divindade, mas essa visão está longe de ser autêntica. Quase certamente representa um modo diferente de encarar o budismo em relação à maior parte da história dessa religião. Nessas interpretações céticas, outros reinos de existência e deuses são vistos por eles apenas como metáforas úteis para entender aspectos da mente.

Budismo e o "ateísmo metafísico":

Entretanto, o budismo de fato acredita em planos de existência diferentes, onde ocorrem ciclos de reencarnações de seres imateriais e transcendentais, os Devas.

Também acredita que a natureza e os seres humanos são uno, ou seja, imanentes, como um monismo, e compreende em algumas de suas variáveis, conceitos essencialistas como os do hinduísmo, como chakra e etc.

É necessário, neste ponto, entendermos que o budismo não é um só e que o ateísmo não é um só.
Existe o ateísmo radical e o ateísmo, que se divide entre ateísmo ativo e ateísmo cético.
O ateísmo radical, que é na verdade o mais comum, reproduzido no meio científico, nega não só a existência de Deus como nega tudo e qualquer teoria transcendental, metafísica, vem do positivismo e logo nega qualquer hipótese inteligível, portanto acredita somente no mundo físico, sensível, material.

O ateísmo nega somente a existência de Deus, de um ente criado. E, portanto, acaba flertando com algumas seitas filosóficas neo-platônicas e neo-kantianas, o mais comum é vermos ateus se identificarem com o "budismo" citado no começo no texto, que, segundo os próprios budistas não é sequer verdadeiro.

A maior parte dos budistas se identificam dentro do panteísmo. É importante salientar aqui que embora a palavra "panteísmo" signifique que Deus está em tudo, na verdade o Panteísmo se define, em termo mais geral, como essencialismo imanente e portanto compreende hinduísmo, budismo e demais religiões/seitas filosóficas.

É importante salientar que "ateus" que se identificam com religiões panteístas e as subvertem para as chamar de "ateístas", denominam os outros ateus como radicais. E os radicais que não acreditam em metafísica alguma se identificam como os verdadeiros ateus e chamam os demais ateus de "neo-ateus" de forma jocosa.

O "ateísmo metafísico" só começa em força com Schopenhauer em sua postulação de "vontade". E o recente significado da palavra "metafísica" que encontramos em dicionários filosóficos, que parecem corroborar com a posição do ateísmo metafísico, são, na verdade, a definição do novo dicionário filosófico que começa com o próprio Schopenhauer:

"Temos que a metafísica, na tradição filosófica consagrou a palavra metafísica, em lugar de ontologia. Aristóteles, ao definir a filosofia primeira, também afirmou que ela estuda os primeiros princípios e as causas primeiras de todos os seres ou de todas as essências, estudo que deve vir antes de todos os outros, porque é a condição de todos eles. E o “vir antes” em Aristóteles, significa estar acima dos demais, estar além do que vem depois, ser superior ao que vem depois, ser a condição da existência e do conhecimento do que vem depois. Ora, a palavra meta quer dizer isso mesmo: o que está além de, o que está acima de, o que vem depois, mas no sentido de ser superior ou de ser a condição de alguma coisa. Se assim é, então a palavra metafísica significa o estudo de alguma coisa que está acima e além das coisas físicas ou naturais e que é a condição da existência e do conhecimento delas. Por isso, a tradição consagrou a palavra metafísica, mais do que a palavra ontologia. Metafísica, nesse caso, quer dizer: "aquilo que é condição e fundamento de tudo o que existe e de tudo o que puder ser conhecido". Assim sendo, o ateísmo não é uma questão metafísica porque a negação de algo que é causa e condição de existências e do conhecimento delas, não pode ser causa de si mesma."

 

Portanto, alguns podem chorar, espernear e querer debater isso como um juízo de valor, como uma opinião, a fim de dizer que o ateísmo pode ser metafísico sim. Ou de burlar o budismo para ter ele como carta na manga para se justificar como "ateu metafísico". Mas neste debate, por unanimidade, quaisquer seitas filosóficas/religiões que compreendem a metafísica, mesmo que não acreditem em Deus, são um essencialismo monista imanente, logo são panteísmo e não ateísmo.

Ateus metafísicos são, para mim (e aqui começa a opinião e o bait do moderador), moleques na corda na banda que não tem brio para defender de forma convicta nem seu ateísmo e nem a sua metafísica.

Texto do Douglas:

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