Pergunta:
Deus está presente em todas as coisas pelo menos de 3 maneiras possíveis:
(a) Por presença; quando se diz que uma pessoa está realmente presente porque observa diretamente o que ocorre, é assim que Deus está nas coisas conhecendo-as por sua onisciência. Deve ser tomado em um sentido análogo, pois tudo está presente para Deus, mas não de um modo acidental (o homem conhece as coisas pelos seus acidentes), mas de uma forma essencial. Com efeito, conhece as essências em profundidade, com uma visão absolutamente precisa e verdadeira, que penetra até os detalhes mais subatômicos da entidade. Conheça o ser mesmo das coisas, algo que é claro impossível na simples intelecção humana. São Tomás diz: "Mas o nosso conhecimento é tão fraco que nenhum filósofo poderia investigar perfeitamente a natureza de uma mosca" (Santo Tomás de Aquino, Symbolorum Apostolorum Expositio, a. 2). "Nas coisas sensíveis até as mesmas diferenças essenciais nos são desconhecidas, de modo que são significadas por diferenças acidentais que surgem das essenciais, assim como a causa é significada pelo seu efeito" (Santo Tomás de Aquino, De ente et essentia, c. 6).
Essa forma de onipresença divina me parece a mais sublime, porque nos mostra que Deus nos conhece perfeitamente, e está em nós conhecendo em profundidade o nosso ser, somos donos da nossa alma e cremos saber dela, mas Deus está mais plenário amente presente na alma que o próprio homem, Algo muito lindo! Deve ficar claro desde já, por que isso não implica um panteísmo, na verdade Deus está realmente presente nas coisas mas não formalmente. Está presente na alma mas não é a alma dos homens.
(b) Por potência: Deus possui uma potência ativa absoluta, e é assim que todas as coisas estão sujeitas ao seu poder divino, conservando continuamente o ser. Deus é o ser mesmo, ipsum esse subsistens, e não há uma única entidade que não dependa inteiramente do poder de Deus. Nada escapa ao seu poder. Portanto, Deus está intimamente relacionado com sua criação dando-lhe sustento existencial. Mas está nelas preservando a existência não de forma ordinária, como quando se argumenta que a mão está no bastão (ou no bastão, pra dizer melhor) segurando. Não, Deus interioriza-se no ser mesmo das coisas segurando-as, mas cuidado! Sem nenhuma mistura, sem fusão, sem homogeneidade. O que interessa nesta análise é o fato de "poder" e "subordinação". A bengala está subordinada à mão, e não pode funcionar sem o vírus motriz da mão que o segura. Do mesmo modo, o ser finito, como esse creatum, está transitoriamente subordinado ao ser infinito de Deus. Não há nenhuma forma de panteísmo, pois não afirmamos que o ser da criatura seja o ser de Deus. Da mesma forma, mão e bengala não são idênticos, mas nós dizemos que o bastão para seu movimento depende inteiramente da mão.
(c) Por essência: Deus está nas coisas como causa essendi. Isto está relacionado com a presença por potência. As coisas, na medida em que elas existem, tem um ser que é causado por Deus, e assim Ele está presente como causa primeira do ser. Da mesma forma, o artista está em sua obra porque lhe deu existência. Por mais que se afaste, o quadro foi realizado por um homem concreto, uma verdade inegável. O artista está na sua obra como sua causa, se perguntarmos sobre a sua origem, aí está, se perguntarmos pelas manchas sublimes, aí está ele, se perguntarmos pelo sentido, aí está. Da mesma forma, vemos que todas as coisas, na medida em que são, tem uma causa, e aí está Deus na forma mais perfeita e plena, sem fusão, sem mistura.
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