domingo, 27 de março de 2022

Vinicius (Filosofia e Apologética): demonstração filosófica da imortalidade da alma


Introdução:

Na verdade o ânimo é o estado natural da alma. Porque a alma anima o organismo e efetua nele as funções vitais, logo o falecimento do corpo o inutiliza. Em vista disso o ânimo é propriedade essencial da alma, em contraste com o corpo, que é meramente propriedade acidental da alma. Exatamente porque a única condição essencial à alma é o ânimo, nós inferimos que alma e ânimo se identificam plenamente. 

E se o ânimo fosse propriedade acidental da alma?

Caso o ânimo fosse propriedade acidental da alma, a alma estaria vinculada a outra substância responsável por causar o ânimo, resultando enfim em regressão infinita. Em última instância, nenhuma substância seria munida do ânimo como característica essencial, e a própria biologia dos organismos seria inexequível. Nesse contexto, o regresso infinito jamais estabeleceria uma substância dotada de ânimo como característica essencial. Por isso é necessário estipular a substância primordial responsável por operar as funções vitais no organismo. 

O que demonstra que a alma é imortal?

Dessarte, a alma é o núcleo operacional do corpo, sendo o corpo mera causa instrumental destituída do ânimo como propriedade intrínseca. Isso demonstra que a alma é imortal, já que nela reside o ânimo como propriedade primária, sendo o corpo supérfluo. Em suma, o ânimo é por certo o estado natural da alma. Porquanto a alma anima o organismo e exerce nele as funções vitais, logo o falecimento constata a desnecessidade do corpo. Com efeito, o ânimo é propriedade essencial da alma, em contraposição ao corpo, que se caracteriza como propriedade acidental da alma. Precisamente porque o ânimo é a única condição essencial à alma, logo alma e ânimo se identificam plenamente. Se o ânimo fosse predicado acidental da alma, se infere que a alma estaria conectada a outra substância responsável por conceber o ânimo, e assim em diante implicando numa regressão infinita. Em última análise, nenhuma substância estaria investida do ânimo como predicado essencial, e a própria biologia dos organismos físicos estaria categoricamente inviabilizada. Nesse cenário, a regressão infinita nunca consolidaria alguma substância detentora de ânimo como propriedade essencial. De onde se conclui que é fundamental postular a substância primordial responsável por criar as funções vitais no organismo. Na realidade a alma é o cerne operacional do corpo, sendo o corpo mera causa secundária privada do ânimo como propriedade inerente. Isso significa que o ânimo é uma peculiaridade inerente à alma. 

Conclusão:

Sendo assim, deduzimos que a alma dos seres vivos é efetivamente imortal, pois nela habita o ânimo como propriedade essencial, sendo o corpo supérfluo.

Fonte:

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