sábado, 22 de janeiro de 2022

Gênesis é um plágio da Epopeia de Gilgamesh?


Introdução:

Um boato que tem se espalhado pela internet e que os ateístas usam, é um boato de que os poemas mesopotâmicos da Epopeia de Gilgamesh seriam responsáveis por ter influenciado a bíblia no relato de Gênesis, dizendo que Gênesis não passa de um plágio da mitologia suméria, qual similaridades existe entre os dois relatos? É este o tema que vamos abordar aqui usando como referencia fontes de valor acadêmico numa análise critica, imparcial, honesta e detalhada fazendo uma comparação com a versão manipulada que circula na internet, com a versão real de valor acadêmico e a bíblia:

Tabletes de argila:

Em 1849 foi descoberto diversos tabletes de argila, com inscrições cuneiformes sumérias, sendo uma das primeiras civilizações a surgir no mundo.

As tábuas de argila escritas em língua acádia estavam nas ruínas na região da Mesopotâmia,  e pertenciam à biblioteca de Assurbanipal – o último grande rei do Império Assírio. Seu registro mais completo provém de uma tábua  do século VIII a.C. ( 700 a.C. ) pertencente ao rei Assurbanípal, são diversas tabuletas datadas em diferentes períodos tendo sido no entanto encontradas algumas tábuas mais antigas que datam do século XX  Século XX (de 1901 a 2000)  a.C., sendo assim o mais antigo texto literário conhecido, e seria o equivalente mesopotâmico de Noé.




Onde é narrada a Epopeia de Gilgamesh, composta de doze poesias com cerca de 300 versos cada, é uma das primeiras obras conhecidas da literatura mundial.

Gilgamesh, cujo nome significa “o velho que rejuvenesce”, foi rei da Suméria e fundador da cidade de Uruk.

Seria o livro de Gênesis um plágio da Epopeia de Gilgamesh?

A primeira coisa a ser considerada é que a mesma informação de um único artigo original serviu como Base para Centenas de outros Sites e Blogs que foram repassando a noticia e o mais incrível foi que ninguém checou as informações na Fonte ou seja consultando as Tabuletas originais todos eles apenas repassaram informações recortadas e manipuladas de Blogs de terceiros.

Existem centenas de sites e blogs espalhando a notícia de que Gênesis é um plagio sumério:


A referência e fonte que eles usam — SANDARS, N. K. A epopéia de Gilgamesh. São Paulo: Martins Fontes, 1992. Ela nunca foi uma acadêmica da universidade, ela escreveu uma série de livros e uma tradução popular da Epopeia de Gilgamesh – Ela era uma criança doente, tinha tuberculose; isso afetou seus olhos, mas ela foi tratada com sucesso em um sanatório na Suíça.
 

Como sua educação foi interrompida por doença, ela deixou a escola sem qualquer qualificação.


Aqui está o link da Epopeia de Gilgamesh com valor acadêmico para que se possa fazer um estudo verdadeiro para saber o que ela realmente diz, e por onde eu vou me basear para fazer uma análise crítica, imparcial e honesta:




Na Epopeia de Gilgamesh, temos a criação do homem:


As comparações entre a Epopeia de Gilgamesh e o livro de Gênesis em relação a descrição da criação do homem possuem semelhanças superficiais, em um detalhe ou outro, mas no conteúdo como um todo, as diferenças são gritantes.

A versão falsa e manipulada que circula pela internet diz:

O povo de Uruk, descontente com a arrogância e luxúria do rei Gilgamesh, exige dos seus deuses a criação de um homem que fosse o reflexo do rei, e tão poderoso quanto ele para que pudesse enfrentá-lo e redimi-lo. O deus Anu, ouvindo o lamento da população, ordenou a Aruru, deusa da criação, que fizesse Enkidu:

 

“A deusa então concebeu em sua mente uma imagem cuja essência era a mesma de Anu, o deus do firmamento. Ela mergulhou as mãos na água e tomou um pedaço de barro; ela o deixou cair na selva, e assim foi criado o nobre Enkidu”.(SANDARS, 1992, p. 94)..

 

Enkidu foi criado inocente, longe da malícia da civilização, vivendo entre as criaturas selvagens e compartilhando a natureza com elas:

 

“Ele era inocente a respeito do homem e nada conhecia do cultivo da terra. Enkidu comia grama nas colinas junto com as gazelas e rondava os poços de água com os animais da floresta; junto com os rebanhos de animais de caça, ele se alegrava com a água”.(SANDARS, 1992, p. 94).


A Bíblia diz:


“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. (GÊNESIS, cap. 1, ver. 26). “O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem se tornou um ser vivente. (Gênesis, cap. 2, ver. 7).

 

“Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento”. (Gênesis, cap. 1, ver. 29-30).


O que a Epopeia realmente diz:

The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico):

Quando Aruru ouviu isso ela criou em si o zikrtt de Anu. Aruru lavou as mãos, ela comprimiu fora um pouco de argila, e jogou-o para o deserto. Na selvageria (?) Que ela criou valente Enkidu, nascido do Silêncio, dotado de força por Ninurta.

Seu corpo inteiro estava desgrenhado com o cabelo, ele tinha uma cabeça cheia de cabelo como uma mulher, Seus cabelos billowed em profusão como Ashnan. Ele sabia nem as pessoas nem se estabeleceu estar, mas usava uma roupa como Sumukan “.

Ele comeu gramíneas com as gazelas, e empurrado no furo molhando com os animais.


Diferenças:

A primeira grande diferença fundamental é que na narrativa de Gilgamesh, Enkidu não foi o primeiro homem a vir a existência, pois segundo a genealogia da lista de reis da Suméria, um antigo texto sumério datado da Idade do Bronze, Gilgamesh foi o quinto monarca da primeira dinastia pós-diluviana de Uruk. Gilgamesh é descrito como sendo um semideus dotado de força sobre-humana. Era superior a outros semideuses por ser dois terços deus e um terço homem; ou seja, Enkidu não foi criado como o primeiro homem ao contrário de Gênesis onde Adão foi o primeiro homem a ser criado.

Em Gilgamesh, Aruru pegou argila e jogou no deserto criando Enkidu, nascido do silêncio — ele tinha uma cabeça cheia de cabelo, como uma mulher. E usava uma roupa como Sumukan, comeu gramíneas com as gazelas - não lembra nem de longe a descrição de Genêsis.

Enkidu em suas representações artísticas, é representado como sendo metade Touro e metade humano, bem diferente do Adão bíblico.


Gilgamesh (versão da internet): 


“Ele era inocente a respeito do homem e nada conhecia do cultivo da terra. Enkidu comia  grama nas colinas junto com as gazelas e rondava os poços de água com os animais da floresta; junto com os rebanhos de animais de caça, ele se alegrava com a água”. (SANDARS, 1992, p. 94).

 

Bíblia: 


“Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento”. (Gênesis, cap. 1, ver. 29-30).


The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico):  


ele sabia nem as pessoas nem se estabeleceu estar, mas usava uma roupa como Sumukan“. Ele comeu gramíneas com as gazelas, e empurrado no furo molhando com os animais; Tal como acontece com os animais, sua sede foi saciada com (apenas) de água. Um caçador notório ficou cara-a-cara com ele em frente ao bebedouro. Um primeiro, um segundo e um terceiro dia ele ficou cara-a-cara com ele em frente ao bebedouro."



Diferenças:

Não diz em momento algum que “Ele era inocente a respeito do homem e nada conhecia do cultivo da terra.“ O texto real é completamente diferente.

Aqui já fica evidente duas narrativas completamente diferentes, de um lado, Gilgamesh diz apenas que era uma pessoa inocente que comia grama com as gazelas — já em Gênesis diz completamente o oposto. Diz que Adão possuía todas as árvores com semente e que dão fruto e todos os animais da terra estariam sujeitos ao homem como mantimento, nada de comer capim.

Tentação e o pecado original:

Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet):


O Rei Gilgamesh, sabendo da existência de Enkidu, incube uma missão a uma das prostitutas sagradas do templo da deusa Ishtar (deusa do amor e da fertilidade): seduzir Enkidu e trazê-lo para dentro das muralhas de Uruk. Enkidu deixou-se seduzir pela rameira e perdeu sua inocência, além de seu poder selvagem, tornando-se conhecedor da malícia do homem. Arrependido, lamenta-se, mas a rameira consola-o enfatizando as vantagens desta nova vida que está por vir:

 

“Enkidu perdera sua força pois agora tinha o conhecimento dentro de si, e os pensamentos do homem ocupavam seu coração”. (SANDARS, 1992, p. 96).

 

“Olho para ti e vejo que agora és como um deus. Por que anseias por voltar a correr pelos campos como as feras do mato?” (SANDARS, 1992, p. 99).

 

Bíblia: 


“Porque Deus sabe que no dia em que comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (Gênesis, cap. 2, ver. 5).


The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico)

"por que você galopa em torno do deserto, com os animais selvagens? Venha, deixe-me levá-lo em Uruk-Haven, ao templo santo, a residência de Anu e Ishtar, o lugar de Gilgamesh, que é sábio para a perfeição, mas quem suporta seu poder sobre as pessoas como um touro selvagem. O que ela não parava de dizer achado graça com ele. Tornar-se consciente de si mesmo, ele procurou um amigo"

 

(faz apenas uma breve referência com a frase "tornar-se consciente de si mesmo". Nada que seja realmente sugestivo com o pecado original da desobediência de Adão e Eva). 



Diferenças:

Outra passagem que não lembra nem de longe Gilgamesh e Gênesis: 

mas quem suporta seu poder sobre as pessoas como um touro selvagem. O que ela não parava de dizer achado graça com ele. Tornar-se consciente de si mesmo"

 

Ora, mas por que essa referência a boi selvagem? Porque Enkidu é representado na mitologia suméria como um semi-deus, metade humano e metade boi, com chifres e que vivia comendo capim com os animais do campo. Nada que se aproxime da descrição do livro de Gênesis em relação a Adão.


Enkidu, já na cidade de Uruk, enfrenta o rei Gilgamesh em combate. Vencendo-o, é reconhecido pelo rei como irmão, pois este jamais havia enfrentado alguém com tamanha força. Formando-se, então, uma grande amizade que protagoniza grandes aventuras e tragédias ao longo da Epopeia.

Gilgamesh Vs Enkidu:


Discussão entre Gilgamesh e Enkidu:

Gilgamesh (versão falsa, divulgada na internet): 


“… tu, um mercenário, que depende do trabalho para obter teu pão!” (SANDARS, 1992, p. 119).

 

Bíblia: 


“… maldita é a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias da tua vida.” (Gênesis , cap. 3, ver. 16).

 

“No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado”.(Gênesis, cap. 3, ver. 19).


Diferenças: 


“ Depende do trabalho para obter teu pão” ? Essa passagem simplesmente não se encontra na Epopeia de Gilgamesh. Enkidu se alimentava de capim, ele nunca precisou de trabalho para comer. A referência a pão é:


“ Eles colocaram comida na frente dele,
eles colocaram cerveja na frente dele;
Enkidu não sabia nada sobre comer pão para comer,
e de beber cerveja, ele não tinha sido ensinado.” 

Dilúvio: 

A partir do relato do dilúvio, as coisas passam a ficar mais interessantes. E pode-se perceber várias similaridades:

Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet): 


“Os heróis matam o monstro Humbaba, cortando-lhe a cabeça. Fato que irritou o poderoso Enlil (deus da terra, do vento e do ar universal), que exigiu a vida de um dos heróis pelo insulto.” 



Enlil enfurecido com a atitude do mortal decide enfim qual dos dois heróis deverá morrer. Enkidu então adoece e, sucumbindo à doença, impulsiona o rei Gilgamesh a sua missão final: a busca da imortalidade.


Gilgamesh parte em busca da imortalidade, e para isso, precisa obter este segredo dos deuses com o imortal Utnapishtim .  Ao encontrar Utnapishtim, ouve que este não poderá lhe tornar imortal, mas poderá revelar ao herói como se tornará um e conta sobre o dia em que os deuses, desgostosos com a sua criação (a humanidade), resolveram eliminá-la da terra:


Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet): 


“Naqueles dias a terra fervilhava, os homens multiplicavam-se e o mundo bramia como um touro selvagem. Este tumulto despertou o grande deus. Enlil ouviu o alvoroço e disse aos deuses reunidos em conselho: ‘O alvoroço dos humanos é intolerável, e o sono já não é mais possível por causa da balbúrdia.” Os deuses então concordaram em exterminar a raça humana.” (SANDARS, 1992, p. 149).


Diferenças:


Essa passagem não existe na Epopeia de Gilgamesh, eu não a encontrei. A única coisa que se diz referente a isso é: 
"Os corações dos Grandes Deuses moveu-los para infligir o Dilúvio. O homem de Shuruppak, filho de Ubartutu:"


Bíblia: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração.” (Gênesis, cap. 6, ver. 5).


Como vimos, as comparações entre a Epopeia de Gilgamesh e suas semelhanças com Adão e Eva não se sustentam. São relatos completamente diferentes. Com relação ao diluvio de Noé e suas semelhanças com a Epopeia, começa de fato a ficar mais interessante:


Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet): 


“… põe abaixo tua casa e constrói um barco. Abandona tuas posses e busca tua vida preservar; despreza os bens materiais e busca tua alma salvar. Põe abaixo tua casa, eu te digo, e constrói um barco. Eis as medidas da embarcação que deverás construir: que a boca extrema da nave tenha o mesmo tamanho que seu comprimento, que seu convés seja coberto, tal como a abóbada celeste cobre o abismo; leva então para o barco a semente de todas as criaturas vivas. (…) Eu carreguei o interior da nave com tudo o que eu tinha de ouro e de coisas vivas: minha família, meus parentes, os animais do campo – os domesticados e os selvagens – e todos os artesãos.” (SANDARS, 1992, p. 149-151).



Bíblia:

"E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura.

Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares, baixo, segundo e terceiro." (Gênesis 6:15-16).


 The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico):


 "Derruba a sua casa e construa um barco!

Abandonar riqueza e buscar os seres vivos!
Spurn posses e mantê seres vivos vivos!
Faça todos os seres vivos subir para o barco.
O barco que você está a construir,

No quinto dia, eu coloquei seu exterior.
Era um campo na área,
suas paredes eram cada 10 vezes 12 côvados de altura,
os lados do seu topo eram de igual comprimento, 10 vezes côvados cada um."


Fonte:
http://www.ancienttexts.org/library/mesopotamian/gilgamesh/


Enlil, então, envia uma tempestade de grandiosas proporções, fazendo com que toda a terra desaparecesse sobre as águas:


Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet): 


“Caiu a noite e o cavaleiro da tempestade mandou a chuva.(…) Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria como dois exércitos em guerra.” (SANDARS, 1992, p. 151-153).

 

Bíblia: 


“… nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as portas do céu se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites”.(Gênesis, cap. 7, ver. 11-12).



The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico):


"Os deuses – os do Anunnaki – choravam com ela, os deuses humildemente sentou chorando, soluçando de dor (?), sua queima os lábios, seca de sede. Seis dias e sete noites veio o vento e inundação, a tempestade achatamento da terra. Quando o sétimo dia chegou, a tempestade estava batendo, o dilúvio foi uma guerra – lutando com ele mesmo como uma mulher contorcendo-se (no trabalho). O mar acalmou, caiu ainda, a inundação turbilhão (e) tapados. Olhei ao redor durante todo o dia – quiet tinha fixado em e todos os seres humanos se transformou em barro!" 

 

 Fonte: http://www.ancienttexts.org/library/mesopotamian/gilgamesh/


Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet): 


 E toda a humanidade foi exterminada:

… agora eles (humanos) flutuam no oceano como ovas de peixe.” (SANDARS, 1992, p. 152).

 

The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico): 


 "—  Olhei ao redor durante todo o dia – quiet tinha fixado em e todos os seres humanos se transformou em barro!"

 

Fonte: http://www.ancienttexts.org/library/mesopotamian/gilgamesh/


Bíblia:  


“Assim foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra …” (Gênesis, cap. 7, ver. 23).




Com o passar dos dias, a tempestade ameniza-se e o dilúvio começa a serenar:

Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet): 


 “Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou.” (SANDARS, 1992, p. 153).

 

The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico):  


"Quando o sétimo dia chegou, a tempestade estava batendo,

o dilúvio foi uma guerra – lutando com ele mesmo como uma mulher
contorcendo-se (no trabalho).
O mar acalmou, caiu ainda, a inundação turbilhão (e) tapados."

 

Fonte: http://www.ancienttexts.org/library/mesopotamian/gilgamesh/


Bíblia: 


“Deus fez soprar um vento sobre a terra e baixaram as águas. Fecharam-se as fontes do abismo e também as comportas dos céus, e a copiosa chuva do céu se deteve.” (Gênesis, cap. 8, ver. 1-2).


Após a calmaria do grande oceano que se formara, Utnapishtim solta uma pomba para ver se há terra firme para que então possa desembarcar:


Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet):


“Na alvorada do sétimo dia eu soltei uma pomba e deixei que se fosse. Ela voou para longe; mas, não encontrando lugar para pousar, retornou. Então soltei uma andorinha, que voou para longe; mas, não encontrando lugar para pousar, retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que as águas haviam abaixado; ela comeu, voou de uma lado para outro, grasnou e não mais voltou para o barco.” (SANDARS, 1992, p. 153).

 


The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico): 

"Quando um sétimo dia chegou I soltou uma pomba e liberado.
A pomba saiu, mas voltou para mim;
Não percas era visível assim que circulou de volta para mim.
I enviou uma andorinha e liberado.
A andorinha saiu, mas voltou para mim;
Não percas era visível assim que circulou de volta para mim.
I soltou um corvo e liberado.
O corvo saiu, e viu as águas deslizam para trás.
Ele come, ele coça, ela sacode, mas não faz círculo de volta para mim."


Fonte: http://www.ancienttexts.org/library/mesopotamian/gilgamesh/


Bíblia:


"Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra.

A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas estavam sobre a face de toda a terra; e ele estendeu a sua mão, e tomou-a, e recolheu-a consigo na arca.
E esperou ainda outros sete dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca.
E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.
Então esperou ainda outros sete dias, e enviou fora a pomba; mas não tornou mais a ele". 
(Gênesis 8:8-12).


Após a bonança, já em terra firme e grato ao deus Ea por ter lhe salvo a vida, Utnapishtim prepara um sacrifício aos deuses:


Gilgamesh (versão falsa divulgada na internet): 


“Eu então abri todas as portas e janelas, expondo a nave aos quatro ventos. Preparei um sacrifício e derramei vinho sobre o topo da montanha em oferenda aos deuses.” (SANDARS, 1992, p. 153).

 

The epic of Gilgamesh (versão real, valor acadêmico):


Então eu mandei tudo em todas as direções e se sacrificaram (uma ovelha). I oferecido incenso na frente da montanha-zigurate.

Sete e sete vasos de culto I postas em prática,
e (o fogo) por baixo (ou: em suas tigelas) Eu derramei
juncos, cedro e murta.
Os deuses sentiu o cheiro,
os deuses sentiu o cheiro suave."

 

 Fonte: http://www.ancienttexts.org/library/mesopotamian/gilgamesh/



Bíblia:

"E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar.
E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem;" (Gênesis 8:20-21).


Como podemos ver, a partir da tabuleta, que há muitas similaridades (o que indica uma fonte comum). Mas há também diferenças significativas. Inclusive a ordem de envio dos pássaros, no relato de Noé, é mais lógico. Ele compreendeu que o não-regresso de um pássaro decompositor, como o corvo, não provava nada. Por outro lado, Utnapishtim mandou o corvo por último. Noé, entretanto, compreendeu que enviar uma pomba era mais lógico quando a pomba retornasse com uma folha fresca de oliveira, Noé saberia que a água baixara. E se não retornasse em uma semana, isso significaria que a pomba encontrara um bom lugar para se estabelecer.


A forma da arca:


A Arca foi construída para ser um tremendo estábulo. Deus disse a Noé para fazê-la com 300x50x30 côvados (Gênesis 6:15), o que é equivalente a cerca de 140x23x13,5 metros, e dá um volume de 43.000m³ (metros cúbicos). Isto é justamente o necessário para impedir que a embarcação vire, e suavizar a navegação. Há três tipos principais de rotação em embarcações (e aviões), sobre três eixos perpendiculares:

1- A guinada não é perigosa, no sentido em que não pode virar um barco, mas pode tornar a navegação desconfortável. 


2- A arfagem também é um modo improvável de se virar um barco. Em qualquer caso, o enorme cumprimento do barco o faria se alinhar paralelamente à direção das ondas, e essas turbulências seriam mínimas.


3- A rolagem é, de longe, o maior perigo. A Arca, porém, supera esse problema sendo muito mais extensa que alta. Seria quase impossível tombá-la (mesmo se a arca fosse, de algum modo, tombada a 60º, ela poderia endireitar-se a si mesma, como mostrado no diagrama abaixo).



Contraste-a com a arca de Utnapishtim  um grandecubo! É difícil pensar em um design mais ridículo para uma embarcação – ela rolaria em todas as direções mesmo com o menor distúrbio. Porém, é fácil de explicar a história se os autores distorceram o Gênesis, e acharam que uma dimensão é mais fácil de lembrar que três, “suas dimensões devem ser iguais umas às outras”. (Além disso, essa forma cúbica parece muito mais agradável.) Os autores humanos pagãos não perceberam que as dimensões da arca real tinham que ser justamente aquelas que eram. Mas o inverso disso é inconcebível: escritores judeus, dificilmente conhecedores das habilidades necessárias para a arquitetura naval, tomaram 'a mítica arca cúbica' e transformaram-na na mais estável embarcação de madeira possível!

Quem copiou quem? Gênesis é mais antigo!

Quando foi escrito Gênesis?

Como vimos entre as comparações de Adão e Eva e a narrativa mitológica de Enkidu, o semi-deus metade humano metade boi não se sustenta são relatos completamente diferentes, o dilúvio de Nóe sim aparenta ter muitas similaridades entre os relatos, mais essa parte foi acrescentada depois na Epopeia de Gilgamesh. O livro de Gênesis, evidentemente, fazia parte do único escrito original (a Torá), e foi escrito parte por Moisés no ermo de Sinai, no ano 1513 a.C e terminado por volta de 600 a.C. onde narra a historia de Jacó e José. Sendo a parte do dilúvio em Gênesis tendo sido escrita por volta de 1500.

Quando foi escrito a Epopeia de Gilgamesh?

Seu registro mais completo provém de uma tábua de argila escrita em língua acádia do século VIII a.C. (700 a.C) pertencente ao rei Assurbanípal, são diversas tabuletas datadas em diferentes períodos diferentes tendo sido, no entanto, encontradas algumas tábuas mais antigas com excertos que datam do século XX (de 1901 a 2000) a.C., sendo assim o mais antigo texto literário conhecido, e seria o equivalente mesopotâmico de Noé.

Gilgamesh foi escrito, compilado, modificado e reeditado fazendo-se acréscimos, em cima da história original ao longo de um longo período de tempo.

O começo da história é datada por volta de 2000 a.C. — e as 5 tabuletas são datadas por volta de 1500 a.C 
  e a tabuleta número 11 (que é a última). A 12 é de menor importância, pois só repete coisas já ditas, é a mais recente, onde é a parte que narra o dilúvio (o último manuscrito datado vem de cerca de 130 a.C, quando a Babilônia foi um domínio do reino parta).

Universidade de Londres:

As primeiras tabuletas de Gilgamesh são datadas em 2000 a.C, onde narra o começo da história. As 5 tabuletas de Gilgamesh que narra a metade da história  — datadas entre segundo milênio a.C a 1500 a.C e a parte final, tabuleta número 11 a parte que narra o dilúvio parte final da Epopeia e parte do começo de Gênesis é datado em 130 a.C.

Estes fragmentos babilônicos e assírios testemunham uma edição padronizada do poema, que chamamos o épico babilônico padrão. Esta última versão do poema foi o resultado de um trabalho deliberada de editorial, segundo a tradição realizada por um erudito chamado Sin-Leqi-unninni, que provavelmente viveu por volta de 1100 a.C. As fontes mais antigas para a sua versão são dos séculos IX ou oitavo; o último manuscrito datado vem de cerca de 130 a.C, quando a Babilônia foi um domínio do reino parta. O último manuscrito é o que narra o dilúvio e, portanto, foi acrescentado muito tempo depois do relato bíblico (1500 a.C).



Enciclopédia da história mundial:

A versão mais bem preservada da história, como observado, vem de Shin-Leqi-Unninni, que provavelmente embelezou o material original sumério. Sobre isso, o orientalista Samuel Noah Kramer escreve:

"Eles modificaram tanto seu conteúdo e moldaram sua forma, de acordo com seu próprio temperamento e herança, que apenas o núcleo nu do original sumério permanece reconhecível."


Portanto, a conclusão que tiramos é de que Epopeia de Gilgamesh não se trata de uma única tabuleta, mas se trata de uma coleção de tabuletas, no total, são 11 tábuas de argila datadas em períodos diferentes que foram reunidas e montadas num único relato com o passar do tempo, onde novos relatos foram sendo adicionados com o tempo; Fazia parte da biblioteca de Assurbanípal em 700 a.C. (Gênesis é datado no ano de 1513 a.C, GIlgamesh é datado mais antigo (de 1901 a 2000) a.C. Só que o porém, é que Gilgamesh são 11 tábuas que foram montadas com o tempo, ou seja, são períodos diferentes, e o dilúvio relatado em Gilgamesh (que é a última parte da história) é datado em cerca de 130 a.C, portando, mais recente.


Wikipédia:


A wikipédia diz: acredita-se que sua origem sejam diversas lendas e poemas sumérios sobre o mitológico deus-herói Gilgamesh, que foram reunidos e compilados no século VII a.C.
Seu registro mais completo provém de uma tábua de argila escrita em língua acádia do século VIII a.C. (o registo mais completo é do seculo VIII a.C. que parte da história esse registro narra não é dito) pertencente ao rei Assurbanípal, tendo sido no entanto encontradas tábuas com excertos que datam do século XX a.C. (2000 a.C. que, deduzindo pela lógica, é a parte mais antiga foi por onde tudo se baseou e começou a história ser contada. A tabuleta número 1 não fala nada sobre o dilúvio, a tabuleta que fala do diluvio é a 11) , sendo assim, o mais antigo texto literário conhecido, seria o equivalente mesopotâmico de Noé.


Link da tabuleta número 11 de Gilgamesh (que conta a história do dilúvio) datada em 130 a.C,  – que é muito mais recente que Gênesis: https://www.soas.ac.uk/nme/research/gilgamesh/standard/


Faz mais sentido que Gênesis seja o relato original, e os mitos pagãos surjam como distorções desse relato. Embora Moisés tivesse vivido muito depois do evento, ele provavelmente agiu como editor de fontes muito mais antigas.  Por exemplo, Gênesis 10:19 fornece direções referenciais verdadeiras, “indo para Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim”. Essas eram as cidades da planície que Deus destruiu, por causa de sua extrema maldade, 500 anos antes de Moisés. Ou seja, Gênesis apresenta direções, em um tempo que essas cidades eram pontos de referência bem-conhecidos, não sepulcros debaixo do Mar Morto.

É comum criar lendas a partir de eventos históricos, mas não criar história a partir de lendas. Os liberais, em geral, também afirmam que o monoteísmo é um estágio tardio no desenvolvimento evolutivo da religião. A Bíblia ensina que o homem era originalmente monoteísta. Evidências arqueológicas sugerem o mesmo, indicando que somente depois a humanidade degenerou para um panteísmo idólatra.

Por exemplo, em Gênesis, o julgamento de Deus é justo. Ele é paciente com a humanidade por 120 anos (Gênesis 6:3), mostrando misericórdia a Noé e à sua descendência. Os deuses do Épico de Gilgamesh, ao contrário, são caprichosos e desajeitados, escondendo-se durante o Dilúvio e ficando esfomeados sem os sacrifícios humanos, que os alimentam. Isto é, os escritores humanos do Épico de Gilgamesh reescreveram o relato verdadeiro, e fizeram seus deuses à sua própria imagem.


Diante das evidências e fontes apresentadas, podemos concluir que Gênesis não é um plágio da Epopeia de Gilgamesh.


Fontes:

https://noticiasbiblia.wordpress.com/2016/02/08/genesis-plagio-da-mitologia-sumeria-5/

http://www.ancienttexts.org/library/mesopotamian/gilgamesh/

4 comentários:

  1. Só digo algo excelente blog e excelentes fontes devemos sempre buscar a verdade é a veracidade num mundo de tantas mentiras e relativismos

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  2. Olá Rodrigues, então, você poderia respoder duas questões minhas?

    Primeiro,o que respnder quando o cético afirma que a biblia foi copiada dos sumérios?

    E segundo, o que responder sobre as 463 "contradições" que os céticos afirmam ter na biblia?

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    1. "o que respnder quando o cético afirma que a biblia foi copiada dos sumérios?"

      R: Isso é besteira, nenhum historiador sério afirma isso. Aqui neste artigo eu abordei sobre Gênesis em específico, mas certamente irei abordar sobre os supostos plágios dos outros livros bíblicos e a história suméria. Não há porque duvidar.

      "o que responder sobre as 463 "contradições" que os céticos afirmam ter na biblia?"

      R: Isso também é outro equívoco. Quando observamos o contexto dos textos apontados, vemos que as supostas contradições são refutadas. Eu pretendo responder as supostas contradições bíblicas em ordem (por livro). Aqui neste artigo, refutamos a suposta contradição em Gênesis 1 e 2:

      https://rodrigues020tfmdefesalogicadafecrista.blogspot.com/2021/08/refutando-biblia-do-cetico-as-duas.html

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