terça-feira, 21 de setembro de 2021

Vinicius (Filosofia e Apologética): a justiça de Deus e a coerência da ciência moderna


Com efeito, o padrão moral de Deus é tremendamente elevado porque representa a própria perfeição. Isso porque reflete a perfeição moral e ontológica inerentes ao próprio Deus. Logo, Deus zela pela perfeição porque a perfeição caracteriza o seu ser. A plena excelência metafísica exprime o ser do Deus Criador, e se manifesta em seu zelo por integridade moral. 

Na verdade, o castigo pela transgressão, a vindicação divina, equivale à perfeição violada, sendo infinito em magnitude. Eis o fundamento onde está alicerçada a doutrina do sofrimento eterno em detrimento do aniquilamento dos ímpios. Sendo assim, quem não é moralmente perfeito está em dívida com Deus, o que lhe dá o direito de aplicar justiça. Baseado nisso, a humanidade inteira está na condição de objeto da ira de Deus, pois não há nenhum ser humano perfeito desde a queda. Isso inclui a humanidade inteira, em todas as idades, em todas as sociedades e em todas as épocas (embora existam culturas mais depravadas que outras). Deus não deve nenhum benefício ao homem, mas unicamente a aplicação da justiça. Tão somente Cristo satisfez plenamente esse padrão, e, portanto, só quem confia na obra de Cristo, e nos méritos exclusivos dele, pode escapar da ira de Deus. 

Em Cristo, a justiça de Deus encontra o amor de Deus. A justiça exigia nossa punição, mas o amor providenciou o substituto perfeito para sofrer por nós a penalidade que nós merecíamos, e viver por nós, a vida que jamais poderíamos viver. Decerto, o método científico postula efetivamente múltiplas premissas não-axiomáticas e basicamente metafísicas. Ilustrando, o princípio da verificabilidade empírica não pode ser testado nem o princípio da falseabilidade pode ser falseado. Essas proposições extrapolam a esfera epistêmica do método científico, pois nem são tautológicas e nem a factualidade de tais princípios é demonstrada empiricamente. Então, porque transcendem plenamente a ciência, essas proposições estão sujeitas à especulação metafísica. Isso porque não são axiomaticamente auto-evidentes e nem consolidadas pelos próprios enunciados, ultrapassando o escopo do método científico. Deveras isso constitui forte indício de que a ciência não detém o monopólio da verdade. A ciência moderna é uma ferramenta epistêmica eficaz na função de escrutinar a realidade, mas não é suficiente para abordar exaustivamente a mesma. De fato, há elementos de ordem empírica e sensorial e também elementos ontológicos revelando aspectos que ultrapassam o campo de ação do puro empirismo. Isso se atesta com base no fato do método científico não justificar a si próprio.

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